O cérebro é uma máquina poderosa que gosta de desafios. Quando estimulado, ele faz conexões rapidamente, desperta a atenção e processa informações com mais velocidade, relatam cientistas da psicologia cognitiva e da neurociência. Saber como a mente aprende pode auxiliar concurseiros a melhorar o desempenho dos estudos para concurso público.
Cada lado do cérebro executa funções distintas. O hemisfério direito se concentra na parte visual e, por isso, é considerado a região onde surge o pensamento criativo. Já a área esquerda é a parte linear, detalhada e lógica.
Estimular ambas as partes é essencial para reter mais informações, algo bem importante para quem está estudando para concurso público, pois o cérebro funciona melhor quando os dois lados são ativados e se envolvem na aprendizagem.
Para entender como o cérebro aprende é importante saber sobre o funcionamento da memória, localizada no hipocampo, uma estrutura nos lobos temporais. Há dois tipos de memória: de curto e longo prazo.
A primeira, também chamada de área de trabalho, guarda informações por pouco tempo, caso não sejam estudadas. Já a segunda armazena conhecimento e experiências adquiridas ao longo da vida, podendo deteriorar-se com a idade ou surgimento de doenças neurológicas.
O processo de aprendizado ocorre em três fases:
1. Aquisição: Recebimento da informação que pode ser nova ou já conhecida, como o conteúdo de uma matéria para prova de um concurso público.
2. Retenção: À medida que as informações adquiridas forem estudadas com exercícios e repetições, elas são compreendidas e levadas para a memória de longo prazo. O psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, pioneiro em pesquisas sistemáticas do aprendizado e da memória, identificou que esquecemos dois terços do que aprendemos num espaço de 24 horas, caso não seja feita uma boa revisão dos conteúdos.
Isso porque quando dormimos, a memória de curto prazo é esvaziada. É como se o nosso computador mental limpasse a lixeira dos arquivos acumulados durante o dia. O cérebro entende que as informações que não foram estudadas não são importantes e não as leva para a memória de longo prazo.
3. Aplicação: É o uso na prática do que aprendemos por meio do raciocínio. São as conexões que o cérebro faz para utilização de uma informação nova com o que já foi aprendido.
Dicas para assimilar grandes volumes de informações
A cientista brasileira da computação Ana Lopes, autora do livro Histórias de Aprendizagem e fundadora do site Mais Aprendizagem, diz que as informações bem estudadas colam no cérebro como um imã. Veja a seguir algumas dicas da especialista para assimilar mais rapidamente a grande quantidade de conteúdo que concurseiros precisam memorizar para as provas:
➔ Classificar a informação: Segundo Ana, o cérebro adora padrões para economizar o consumo de energia. O grande volume de informação a ser estudado pode ser dividido por categorias para facilitar o aprendizado. Ao estudar a nova lei trabalhista, por exemplo, o concurseiro pode fazer três classificações: pontos da regulamentação que concorda, os que fariam pequenas alterações e os que discorda completamente.
Ao discordar de alguns temas da lei, o candidato coloca nos estudos suas emoções, algo que a neurociência considera muito importante para reforçar o aprendizado. Essa técnica pode ser aplicada tanto no ensino de língua quanto para gravar nome de frutas, classificadas pelas que o aluno aprecia e não gosta. Ou ainda divididas por sabores: amarga, doce e azeda.
➔ Organização e associação: É uma ferramenta essencial para o processo de memorização. Ana ensina essa técnica, mostrando como ter na ponta da língua o mapa do Brasil ou dos Estados Unidos. No caso do Brasil, é mais fácil guardar as 26 federações e o Distrito Federal. Alguns podem lembrar todos pela ordem alfabética, o que é mais difícil. Outros fazem a memorização de acordo com a região onde mora, pelos estados que já visitaram, contato com amigos ou por alguns aspectos culturais, como artistas locais, comida típica etc.
Essa mesma técnica é aplicada para memorização dos 50 estados norte-americanos, que não são divididos por região política. A assimilação pode começar pelo estado da Flórida, que é mais conhecido dos brasileiros por causa da Disney World ou pela Califórnia, onde fica Los Angeles, a terra de Hollywood e sede a celebração anual do Oscar.
As cores e formatos também são uma boa dica de memorização. Nos EUA, os estados do centro-oeste têm formato quadrado e retangular como Colorado, New Mexico e Kansas. A Itália, na Europa, é um exemplo disso: é sempre lembrada pela sua forma de bota.
➔ Imagem e proporção: Ao revisar determinada matéria, o concurseiro tem a possibilidade de criar um desenho para representar um tema de difícil assimilação. O ideal é que a figura saia do tamanho normal, pois o cérebro grava melhor o que é desproporcional, impossível e divertido. Exemplo disso é que muitos lembram a piada que o professor contou em classe e nada da matéria explicada.
Ana ensina a representar conteúdos com imagem de um violão gigante, por exemplo, que é algo inesquecível. Crie personagens irreais como a de um sapo roxo ou uma orelha em formato de coração. Essas mesmas dicas podem ser levadas para qualquer tipo de estudo, incluindo os dos concurseiros para assimilar os conteúdos mais rapidamente, garante Ana.
➔ Importância da motivação: Nenhuma técnica de estudos funcionará se o concurseiro não estiver motivado e tiver certeza dos seus objetivos para aprovação em concurso público, reforça a fundadora do site Mais Aprendizagem. Por isso, o começo de tudo é estabelecer metas claras de onde se quer chegar e por quê.
O ideal é que as metas não estejam registradas apenas na cabeça, mas escritas e expostas em local visível para que o cérebro registre melhor a informação. Detalhe seus objetivos, procurando traçá-los de forma que seja possível alcançá-los.
“Se as metas não são realistas, seu cérebro saberá e você não ficará motivado para fazer esforço. Não tente enganá-lo. O cérebro é mais esperto que você”, conclui Ana.
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